Hoje, vamos mergulhar em uma habilidade crucial para a interpretação textual, especialmente importante para o ENEM e outros vestibulares: a inferência de informações implícitas (D4). Dominar essa competência significa ir além do que está escrito, compreendendo as entrelinhas e as mensagens subjacentes aos textos.
O que é Inferir?
Inferir, em termos textuais, é a capacidade de deduzir informações que não estão explicitamente declaradas no texto, mas que podem ser depreendidas a partir de pistas textuais, do contexto e do nosso conhecimento de mundo. É como um trabalho de detetive: analisamos as evidências (as palavras, as frases, o contexto) para chegar a uma conclusão lógica (a informação implícita).
O descritor D4, presente nas matrizes de referência de diversas avaliações, explicita essa habilidade: "Inferir uma informação implícita em um texto: Implica interpretar dados não expressos diretamente, mas sugeridos pelo texto, com base em pistas linguísticas, conhecimento prévio e relações lógicas estabelecidas no discurso."
Tipos de Implícitos:
Existem diferentes formas de uma informação estar implícita. As principais são:
Pressupostos: São ideias embutidas em certas palavras ou expressões, funcionando como uma condição para o que está sendo dito. Observe o exemplo: "João parou de fumar". O pressuposto é que João fumava antes. A frase não diz isso diretamente, mas a ideia de que ele fumava é necessária para que a frase faça sentido. Geralmente, os pressupostos estão ligados a verbos como "parar de", "continuar", "deixar de", advérbios como "ainda", "já", entre outros.
Subentendidos: São mensagens que não são ditas explicitamente, mas que podem ser inferidas pelo contexto e pela intenção do autor. Dependem muito da interpretação do leitor e da sua capacidade de relacionar as informações presentes no texto. Um exemplo clássico é um anúncio de um carro novo com a frase "Chegou a hora de você voar mais alto". O subentendido não é que o carro voa literalmente, mas que ele oferece status, sucesso, uma vida melhor.
Como Inferir na Prática?
Desenvolver a habilidade de inferir exige prática e atenção. Aqui vão algumas dicas cruciais:
Leitura Atenta e Estratégica: Leia o texto com calma, buscando compreender o sentido global, identificando as palavras-chave e as relações entre as ideias. Uma segunda leitura, com foco específico na busca por implícitos, pode ser muito útil.
Contextualização: Considere o contexto em que o texto foi produzido: quem escreveu, para quem, com qual objetivo, em que época. O contexto histórico, social e cultural pode fornecer pistas valiosas para a compreensão dos implícitos.
Conhecimento Prévio: Utilize seus conhecimentos sobre o mundo, sobre o assunto tratado no texto e sobre os gêneros textuais. Quanto maior o seu repertório, maior a sua capacidade de fazer conexões e inferir informações.
Relações Lógicas: Busque as relações lógicas entre as informações presentes no texto. Causa e consequência, comparação, oposição, exemplificação, entre outras, são relações que podem ajudar a identificar os implícitos.
Intenção do Autor: Questione-se sobre a intenção do autor ao escrever o texto. O que ele quer comunicar? Qual a mensagem que ele deseja transmitir? A compreensão da intencionalidade autoral é fundamental para a interpretação dos subentendidos.
Considere o seguinte trecho: "Apesar da forte chuva que castigou a cidade durante toda a noite, o show da banda continuou, para a alegria dos fãs."
Informação Explícita: Houve uma forte chuva durante a noite e o show continuou.
Informações Implícitas (Inferências):
A chuva poderia ter causado o cancelamento do show. (Inferência baseada na conjunção adversativa "apesar de")
Os fãs ficaram felizes porque queriam muito assistir ao show. (Inferência baseada na expressão "para a alegria dos fãs")
A organização do evento se esforçou para que o show acontecesse mesmo com a chuva. (Inferência baseada na continuidade do show apesar da adversidade)
A habilidade de inferir informações implícitas é essencial para uma leitura completa e profunda. Ela nos permite ir além da superfície do texto, compreendendo as mensagens ocultas e as intenções do autor. Ao desenvolver essa competência, você estará mais preparado para interpretar diferentes tipos de textos e para se destacar em avaliações como o ENEM.
Fórum: Opinar, Compartilhar e Refletir - Inferência
Objetivo: Refletir sobre a habilidade de inferir informações implícitas em textos, essencial para a interpretação textual em exames como o ENEM.
Questões para discussão:
O que você entendeu sobre a habilidade de inferir informações implícitas em um texto? Como você acredita que essa competência pode ser útil para sua leitura e interpretação em provas como o ENEM?
Dê um exemplo de um texto (pode ser um trecho de uma notícia, propaganda ou outro) que contenha informações implícitas. Quais são as inferências possíveis e como você chegou a elas?
Considerando as dicas apresentadas na aula para inferir (leitura atenta, contextualização, conhecimento prévio, relações lógicas, intenção do autor), como você pode aplicar esses passos para melhorar a compreensão de textos mais complexos?
Reflexão Final: Por que você acha que a habilidade de inferir informações implícitas é tão importante na interpretação textual? O que muda na forma como você lê agora, sabendo dessa competência?
Comente pelo menos dois posts dos seus colegas, destacando os pontos que você acha mais interessantes ou oferecendo uma reflexão adicional sobre o que foi discutido. Lembre-se de ser respeitoso nas suas interações, enriquecendo a discussão com suas próprias ideias e questionamentos.
PRATIQUE!
O Dilema da Inteligência Artificial na Criação Artística
A ascensão da inteligência artificial (IA) tem gerado debates acalorados em diversos setores, e o mundo da arte não ficou imune a essa transformação. Softwares capazes de gerar imagens, músicas e textos com base em algoritmos complexos desafiam as concepções tradicionais de criatividade e autoria. Enquanto alguns celebram a democratização do acesso à produção artística e as novas possibilidades expressivas que surgem, outros expressam preocupações com a possível desvalorização do trabalho humano e a homogeneização da produção cultural.
Recentemente, uma exposição em Nova York apresentou obras criadas integralmente por IA, causando grande repercussão. As peças, que variavam entre pinturas abstratas e esculturas virtuais, impressionaram pela complexidade e originalidade. No entanto, a ausência de um artista humano por trás das criações levantou questões sobre a natureza da arte e o papel do artista como indivíduo com experiências e emoções únicas. O curador da exposição defendeu a inclusão da IA no cenário artístico como uma nova ferramenta, comparando-a à invenção da fotografia, que também gerou controvérsias em seu tempo.
Apesar do entusiasmo de alguns, muitos artistas tradicionais se mostram reticentes. A preocupação central reside na possibilidade de a IA substituir o trabalho humano, levando à precarização da profissão e à perda da singularidade da expressão artística. Afinal, argumentam, a arte é intrinsecamente ligada à experiência humana, às suas angústias, alegrias e contradições. Uma máquina, por mais sofisticada que seja, seria incapaz de reproduzir essa profundidade emocional.
O debate sobre a IA na arte está apenas começando, e ainda não há respostas definitivas para as questões que se apresentam. O que fica claro é que essa tecnologia veio para ficar e que seu impacto no mundo da arte será profundo e duradouro. Resta à sociedade, aos artistas e aos críticos encontrarem um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a valorização do trabalho humano, buscando explorar o potencial da IA sem comprometer a essência da expressão artística.
Questão 1. A partir do texto, é possível inferir que a comparação da IA com a fotografia tem como objetivo:
A) Minimizar as preocupações com a substituição do trabalho humano.
B) Enfatizar a superioridade da tecnologia sobre a arte tradicional.
C) Destacar a semelhança entre os processos criativos da IA e da fotografia.
D) Mostrar que ambas as inovações foram recebidas sem controvérsias.
E) Defender a ideia de que a IA é apenas mais uma ferramenta a ser utilizada pelos artistas.
Questão 2. A reticência dos artistas tradicionais em relação à IA pode ser inferida como decorrente principalmente:
A) Da falta de interesse em aprender novas tecnologias.
B) Do medo de perder espaço para outras formas de expressão artística.
C) Da crença na incapacidade da IA de reproduzir a profundidade emocional humana.
D) Da dificuldade em compreender o funcionamento dos algoritmos complexos.
E) Da rejeição à modernização do mundo da arte.
Questão 3. O texto sugere implicitamente que a exposição em Nova York:
A) Teve como objetivo principal demonstrar a superioridade da IA sobre os artistas humanos.
B) Gerou um consenso entre artistas e críticos sobre o papel da IA na arte.
C) Apresentou obras que desafiaram as concepções tradicionais de arte.
D) Foi boicotada por artistas tradicionais em protesto contra o uso da IA.
E) Não obteve grande repercussão no meio artístico.
Questão 4. Infere-se do texto que o debate sobre a IA na arte:
A) Já chegou a uma conclusão definitiva sobre o papel da tecnologia.
B) Se concentra exclusivamente na questão da autoria das obras.
C) Aborda apenas os aspectos negativos da utilização da IA na arte.
D) Ainda está em seus estágios iniciais, com muitas questões em aberto.
E) Não tem gerado grande impacto no mundo da arte.
Questão 5. A expressão "Apesar do entusiasmo de alguns, muitos artistas tradicionais se mostram reticentes" permite inferir que:
A) A maioria dos artistas apoia o uso da IA na arte.
B) Existe uma divisão de opiniões entre os artistas em relação à IA.
C) Todos os artistas tradicionais são contrários à utilização da IA.
D) O entusiasmo em relação à IA é unânime no meio artístico.
E) Não há divergências sobre o tema no meio artístico.
(PROVA BRASIL 2013) Leia o texto abaixo e responda

Disponível em: https://emersonnolasco.blogspot.com/2011/05/o-uso-de-celulares-e-o-desenvolvimento.html
Questão 6. De acordo com o texto, os cientistas acreditam que:
A) existe uma relação entre a frequência emitida pelos celulares e o aparecimento de câncer.
B) existem pessoas que usam o celular há 10 anos ou mais.
C) o desenvolvimento dos estudos sobre o câncer relaciona-se com o uso do celular.
D) o tumor cerebral é mais comum em pessoas que utilizam o celular com frequência.
E) os pacientes pesquisados desenvolveram 3 tipos de tumores.
(PROVA BRASIL 2015) Leia o texto abaixo e responda.
O cego, Renoir, Van Gogh e o resto
Vistos de costas, pareciam apenas dois amigos conversando diante do quadro Rosa e azul, de Renoir, comentando o quadro. Porém, quem prestasse atenção nos dois perceberia, talvez estranhasse, que um deles, o de elegantes óculos de sol, parecia um pouco desinteressado, apesar de todo o empenho do outro, traduzido em gestos e eloquência quase murmurada. [...]
O que falava segurava às vezes o antebraço do de óculos com uma intimidade solícita e confiante. [...]
Aproximei-me do quadro, fingindo olhar de perto a técnica do pintor, voltei-me e percebi: o de óculos escuros era cego. [...]
Algo extraordinário acontecia ali, que eu só compreendia na superfície: um homem descrevendo para um amigo cego um quadro de Renoir. Por que tantos detalhes? [...]
– Azul com o quê? Fale mais desse azul – pediu o cego, como se precisasse completar alguma coisa dentro de si.
– É um azul claro, muito claro, um azul que tem movimento e transparência em muita luz, um azul tremulando, azul como o de uma piscina muito limpa eriçada pelo vento, uma piscina em que o sol se reflete e que tremula em mil pequenos reflexos [...] lembra-se daquela piscina em Amalfi?
– Lembro... lembro... – e sacudia a cabeça ...
Afastei-me, olhei-os de longe. Roupas coloridas, esportivas. [...] O guarda treinado para vigiar pessoas estava ao meu lado e contou, aos arrancos:
– Eles vêm muito aqui. Só conversam sobre um quadro ou dois de cada vez. É que o cego se cansa.
Era fotógrafo, ficou assim de desastre.
ÂNGELO, Ivan. O comprador de aventuras. In Para gostar de ler: v.: 28. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. Fragmento.
Questão 7. Infere-se desse texto que o homem cego é:
A) acanhado.
B) audacioso.
C) cuidadoso.
D) determinado.
E) impaciente.
(PROVA BRASIL 2013) Leia o texto abaixo e responda.
A carta de Caminha nos dias de hoje
Alteza da galáxia,
Peço humildes desculpas por ter de lhe enviar esta mensagem eletrônica neste dia, contudo, gostaria de relatar que após nossa saída do sistema Gregor, 200 bilhões de anos-luz atrás, chegamos a uma galáxia jamais explorada. Informo que esta vossa frota de naves encontrou num canto muito distante de vosso universo, perdido em uma galáxia de um só Sol, um pequeno planeta azul que resolvemos chamar de Água, pois este é o nome do líquido de cor bonita que mais existe neste lugar. Além de muita água, existe uma população de seres que se denominam “humanos”. […]
Estes seres humanos são muito estranhos […]. Os povos são divididos pelo planeta em regiões de características topográficas e climáticas relativamente uniformes, delimitadas por fronteiras às quais os nativos dão o nome de países […]. Outra característica interessante destes seres é que são muito dóceis para conosco e aceitam nossa amizade e aproximação em troca de um simples diagramador estelar ou um rélis relógio atemporal.
Penso que será fácil convencê-los de vossa santa intenção de trazer para este planeta nossa tecnologia que está a muitos bilhões de anos-luz a frente da que eles possuem. […]
Estamos voltando e levando conosco um ser deste estranho e atrasado planeta para que possamos estudá-lo. Deixaremos aqui uma de nossas naves com tripulação para que outros povos saibam que este planeta pertence à Vossa Alteza. Desculpo-me mais uma vez pelo incômodo e termino minha mensagem com votos de longa vida ao Rei.
Disponível em: http://edinanarede.webnode.com.br/atividades. Fragmento
Questão 8. No final do Texto, pode-se concluir que os seres que chegaram ao planeta pretendiam
A) dominar o planeta recém-encontrado.
B) estudar os seres humanos.
C) promover a paz no universo.
D) roubar a tecnologia encontrada.
E) usufruir da água disponível no lugar.
(PROVA BRASIL 2009) Leia o texto abaixo.
A vida sem casamento
Afinal, o que as mulheres querem? No campo das aspirações femininas mais fundamentais, essa é uma pergunta facílima de responder. Por razões sociais, culturais e biológicas, a maioria absoluta das mulheres aspira a encontrar um companheiro, casar-se, construir família e, por intermédio dos filhos, ver cumprido o imperativo tão profundamente entranhado em seu corpo e em sua psique ao longo de centenas de milhares de anos de história evolutiva.
A diferença a que se assiste hoje é que não existe mais um calendário fixo para que isso aconteça. A formidável mudança que eclodiu e se consolidou ao longo do ultimo século, com o processo de emancipação feminina, o acesso à educação e a conquista do controle reprodutivo, permitiu a um número crescente de mulheres adiar a “ programação” materno-familiar. As mulheres que dispõem de autonomia econômica e vida independente não são mais consideradas balzaquianas aos 30 anos – apenas 30 anos! - , encalhadas aos 35 e aos 40, reduzidas irremediavelmente à condição de solteironas, quando não agregadas de baixíssimo status social, melancolicamente mexendo tachos de comida para os sobrinhos nas grandes cozinhas das famílias multinucleares do passado. Imaginem só chamar de titia uma profissional em pleno florescimento, com um ou mais títulos universitários – e um corpinho bem-cuidado que enfrenta com honras o jeans de cintura baixa ou o biquíni nos intervalos dos compromissos de trabalho. Além de fora de moda, o termo pode ser até ofensivo. O contraponto a esses avanços é que, quanto mais as mulheres prorrogam o casamento, mais se candidatam a uma vida inteira sem alcançá-lo.
Bel Moherdani. Revista Veja. 29 Novembro 2006 (Fragmento)
Questão 9. A principal informação desse texto é que as mulheres:
A) aspiram casar-se e construir família.
B) desejam, através de seus filhos, perpetuar a evolução.
C) dispõem de autonomia econômica.
D) enquanto avançam no profissional, adiam o casamento.
E) tem se preocupado mais com a forma física.
(PROVA BRASIL 2017) Leia o texto abaixo.
A morte do jangadeiro
Ao sopro do terral abrindo a vela,
Na esteira azul das águas arrastada,
Segue veloz a intrépida jangada
Entre os uivos do mar que se encapela.
Prudente, o jangadeiro se acautela
Contra os mil acidentes da jornada;
Fazem-lhe, entanto, guerra encarniçada
O vento, a chuva, os raios, a procela.
Súbito, um raio o prostra e, furioso,
Da jangada o despeja na água escura;
E, em brancos véus de espuma, o desditoso.
Envolve e traga a onda intumescida,
Dando-lhe, assim, mortalha e sepultura
O mesmo mar que o pão lhe dera em vida.
Padre Antonio Tomás
Questão 10. Infere-se desse poema que os perigos oferecidos pelo mar são
A) ditosos.
B) envolventes.
C) inúmeros.
D) pequenos.
E) simples